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19 de Abril de 2024

Pai que perdeu a guarda do filho para a mãe do menino se veste de mulher “para ver se a justiça me enxerga”, diz

Publicado por Francisco Luciano
há 9 anos

Pai que perdeu a guarda do filho para a me do menino se veste de mulher para ver se a justia me enxerga diz

A justiça está acostumada com pais fujões ou com aqueles que não pagam pensão. Mas não entende homens como o cineasta Pedro Diniz, 54 anos. Ele criou o filho, Lucas, desde que o menino nasceu, em 2005. A mãe nunca quis saber do garoto, mas tinha liberdade total para vê-lo – o que quase nunca fazia, segundo o pai. Pedro, que também cuidou dos quatro filhos do primeiro casamento após a separação, organizou-se para ser o melhor pai que Lucas podia ter. Trocou a vida de microempresário pela de professor universitário para poder se dedicar ao caçula:

“Fiz isso porque precisava ter tempo para meu filho”, lembra. E foi assim até quando o menino completou 7 anos e a mãe decidiu então que queria ficar com Lucas. “Quando ela casou com um empresário, veio me oferecer um apartamento em troca da guarda dele”, conta. Pedro não aceitou a “proposta” e foi ameaçado: “Ela mandou que eu me preparasse, porque ia entrar na justiça”. E assim foi. A mãe de Lucas não estava mais em Goiânia, onde o menino nasceu, e sim em Vitória, no Espirito Santo. Pedro e o filho nunca saíram da capital de Goiás. “Lucas nunca tinha morado com a mãe. Em Goiânia tinha a escola, os irmãos e os amigos que o conheciam desde bebê. Mas a justiça nem me ouviu: deu a guarda para ela”, lembra.

Pedro recorreu, mas antes de ser ouvido pela justiça a mãe de Lucas apareceu de surpresa para visitar o filho. O menino estava na rua brincando com o pai e alguns amigos. Em um momento de distração, ela levou o menino com a ajuda do atual marido: “Foi uma daquelas cenas de cinema. Eu entrei em casa por um instante e ela arrastou meu filho para dentro de um carro que saiu em alta velocidade”, lembra, com a voz embargada. A vizinhança gritou, o pai se desesperou. Fez boletim de ocorrência e, ao procurar a justiça, teve dificuldade que entendessem que ele e o filho tinham sido vítimas de violência e de alienação parental: “Eu ouvia sempre que se o menino estava com a mãe, então estava tudo bem!”. Ficou nove meses sem notícias de Lucas.

Em um de seus momentos de desespero e durante esse período, fez um vídeo e postou no YouTube. Nele, sua voz grave e decidida contava a Lucas tudo o que estava passando, mesmo sem saber se o menino algum dia iria assistir à sua declaração de amor: “A essa altura de quase 9 meses sem vê-lo, vários são os momentos que têm me feito lembrar de seus sete anos de vida ao meu lado”, dizia. O vídeo está sendo sempre reeditado e atualizado e hoje, dezoito meses depois do menino ser levado pela mãe, conseguimos ver como Pedro ainda luta para reencontrar o filho.

Durante sua investigação solitária, embarcou de ônibus para a capital paulista. Assistimos ao pai na estrada e depois pegando trem, metrô e passando seis horas na frente do prédio onde o menino morava com a mãe e o padrasto. Ele interfonou. Telefonou. Não foi atendido e no final do dia embarcou de volta a Goiânia. Pergunto quantas viagens já fez em busca de Lucas, que ele já sabe que não está mais em São Paulo. “Perdi a conta”, diz, pensativo. Está na estaca zero de novo. Nos últimos dezoito meses, Pedro conseguiu ver o filho por apenas 18 minutos, em uma das audiências que a justiça marcou. Neste período, apenas um dos seus milhares de telefonemas foi atendido. “Falei por telefone com o Lucas por oito minutos. E só.” O direito de passar as férias com o filho nunca foi respeitado e a justiça, mesmo sendo avisada disso, nada fez, segundo ele.

Pai que perdeu a guarda do filho para a me do menino se veste de mulher para ver se a justia me enxerga diz

Esse pai é apenas mais uma vítima de alienação parental, violência silenciosa praticada na maioria das vezes pelas mães que tentam afastar os filhos dos pais, geralmente depois da separação do casal. Pedro Diniz acredita que a justiça não dá valor para os pais responsáveis. “Os homens de terno não entendem o amor que os pais podem ter pelos seus filhos. Mas eles não são eternos. O tempo os mostrará que os homens de hoje sabem cuidar dos seus filhos. Aprenderam com as mulheres”, filosofa no vídeo. Pelo telefone fala comigo, agora indignado. “O sistema está todo errado. Eu vou bater nessa tecla enquanto eu respirar”.

Estamos em novembro de 2014. A cada nova pista, Pedro embarca em busca do filho. Mas agora, entre uma viagem e outra, vai também a Brasília pressionar pela aprovação do projeto de lei que determina que toda a guarda seja compartilhada entre pai e mãe, com direitos e deveres iguais. O PLC 117/13 tramita há dez anos no Congresso Nacional, mas ainda não tem data para ir à votação. “Enquanto ele não é aprovado todas as decisões da justiça favorecem a mãe. Ninguém enxerga o pai”, desabafa. E por isso Pedro abriu uma página no Facebook chamada Novo Homem, para discutir alienação parental e guarda compartilhada. No alto da página está uma foto de Pedro com sua barba e cabelos grisalhos, mas também com brincos bem femininos e anéis. “Por que decidiu se mostrar ao mundo assim?”, perguntei. “Pra ver se vestido de mulher a justiça me enxerga”, desafia.


Fonte: http://vida-estilo.estadao.com.br/blogs/ser-mae/pai-que-perdeuaguarda-do-filho-paraamae-do-menin...

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86 Comentários

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Matéria que desafia o bom senso e o orgulho humano. Quantas vezes somos capazes de prejudicar a quem mais amamos pelo simples fato do orgulho ferido ou mais sordidamente, por vingança. Sou mãe, advogada e aplaudo a pais (e mães) que conseguem se separar (mesmo que seja um divórcio tumultuado) sem dilacerar a vida dos filhos e seus sentimentos. continuar lendo

Dra. Cristiane

Com todo respeito, mas a sra. crê que esta mãe ama a seu filho?

Se a mãe não ama o filho não ama a ninguém, nem a si mesma. Ora, todo o processo de engravidar e passar a gestação sabe Deus como e por a criança no mundo desenvolve na mulher uma mudança radical, não é mesmo?

Se ela após passar por isso é capaz de fazer o que está mulher fez (mãe não prejudica o filho e como ser humano não deveria prejudicar ninguém) então ela está morta por dentro, insensível, capaz de ver a angústia da criança, do pai e ainda sente prazer mórbido, sensual. Provavelmente reflete satisfeita ao processo de planejamento de toda esta tramoia.

Alegra-lhe o cerne saber que a moeda de desforra contra o ex-marido é o filho.

Pena que a lei 8.072/90 não considera crime hediondo o sequestro de crianças (corrija-me se estiver errado, por favor), neste ponto o legislador pisou na bola.

Não estou sendo machista, pois sei que tem homens que fazem muito mal aos filhos, todavia a lei sempre é mais severa conosco, o sexo masculino quando se trata da guarda das crianças. continuar lendo

David da Silva, mas eu concordo com você!
E eu disse exatamente isso - que aplaudo pais e mães que conseguem se divorciar sem dilacerar a vida dos filhos! continuar lendo

Como diz o Chaves: "Isso! Isso! Isso!". Perfeito! continuar lendo

Se ele fugisse com o garoto a justiça iria atrás?
A mãe fugiu e não fizeram nada.
O que é crime para o pai não é para a mãe?
Estou tentando entender :( continuar lendo

Se fosse o pai que tivesse feito o que a mãe fez, já teria polícia, exército, marinha e aeronáutica atrás dele.

Não é possível que, em pleno século XXI, as autoridades não consigam localizar esses criminosos. É falta de vontade mesmo. continuar lendo

Prezada Adriana.
Estou literalmente, fazendo uma lista das aberrações e das injustiças que estamos vendo contemporaneamente. Já está imensa!
Tomara que jovens como você nunca percam a capacidade de se indignar. continuar lendo

Existem dois elementos intrínsecos neste caso: 1ª As mulheres fazem escândalos, isso impulsiona a mídia que impulsiona o judiciário; 2ª Os juízes são preguiçosos e não querem estudar os casos com profundidade, preferindo atender a demanda mais fácil, já que a lei não privilegia mulher em relação ao homem quanto à guarda, mas a opinião pública sim, daí eles evitam o conflito, salvo se houver interesse pessoal ou "social", leia-se influências.... continuar lendo

Enquanto não houver prisão para punir a alienação parental (como há para punir pai que não paga pensão), nada mudará.

A sociedade tem que parar de ver as mães que agem dessa forma como vítimas, coitadinhas e santas, e olhar para as verdadeiras vítimas: as crianças.

Sei muito bem do que estou falando. continuar lendo

Me emocionei com o depoimento. Acredito que a Justiça possa ser humanizada mas, lendo o relato, desacreditei da humanidade de quem pode decidir sobre o futuro de uma criança. E questiono: onde está o Lucas? Ele está bem? Está feliz? Ou mais uma vez vimos a conveniência vencer o embate? continuar lendo

Como ser humano creio que a criança, quando crescer vai nutrir um ódio a mãe que não se apagará. Não aquele ódio de querer ver o mal, mas uma sensação de não querer ver a infame nem de longe.

E ela mesma cria isso para si, não há semente que se plante que não dê seu fruto apropriado. continuar lendo

David da Silva Santos... acho que em condições normais a criança teria ódio mesmo da mãe mas me pergunto: e se a mãe está "fazendo" a cabeça do filho contra o pai? Isso não é impossível de acontecer continuar lendo

Caro David,
Seria bom se fosse assim tão simples, mas as consequências são imprevisíveis.
Nesses casos de alienação parental, o genitor alienador que detém a guarda (no caso, a mãe) destila sua raiva e introjeta valores negativos a respeito do outro genitor. Assim, a criança passa a hostilizá-lo e o próprio alienado (o pai) acaba por desistir do convívio e se afastar.
Somente depois de alguns anos, quando a criança consegue ter alguma visão crítica e acontece uma reaproximação, é que ela percebe que o pai não era o monstro que ela acreditava.
Frequentemente essa criança (ou jovem) desenvolve sentimentos de culpa, depressão e outros transtornos psicológicos por ter crescido odiando injustamente seu genitor. Isso é o que acontece. continuar lendo

Jairo e Maria Inês

Vocês tem razão, a mãe vai mostrar o demônio pro filho na pelé do pai. Pode ser que o pai morra antes de ser absolvido, pode ser que ele ganhe a guarda, pode ser que juiz crie juízo e lhe dê a guarda, independente de ser o pai, no caso a vilã é a mãe.

Mas depois de muitos anos acredito que se seguir o curso normal das coisas a criança chega a idade adulta e vai procurar o pai, com tantas evidências deixadas por ele, o pai, de amor, carinho e necessidade da presença do filho.

Penso, para aliviar a dor, que o melhor sucederá ao pai e ao filho. Quanto a mãe ela vai arcar com as consequências de sua atitude, isso vai. É minha fé falando. continuar lendo